CORONAVÍRUS X ESTRESSE X PELE
É inevitável que a pandemia pelo Coronavírus provoque estresse. Independentemente das intenções, a mídia com notícias ininterruptas e assustadoras provoca um estado de ansiedade e medo. Além disso, ficar em casa sem poder trabalhar, com renda próxima de zero e ignorantes sobre o futuro é realmente assustador.
Por esse motivo algumas manifestações psicossomáticas podem ocorrer na pele. Aliás, a pele é o órgão, junto com o sistema digestivo, que mais apresenta quadros de somatização.
A queda de cabelo é uma das manifestações mais frequentes associadas a situações de muito estresse. O folículo pilosebáceo é um anexo cutâneo que segue um ciclo com uma fase de crescimento, depois repouso e queda e volta ao crescimento novamente, seguindo nesse ciclo contínuo durante toda a vida. Numa situação normal cerca de 85% dos cabelos do couro cabeludo estão na fase de crescimento e 15% estão na fase de repouso ou queda.
Em situações de estresse muito significativo o organismo usa um sistema de “gestão inteligente” e diminui os gastos de energia, inclusive aquele utilizado para o crescimento do cabelo.
Assim, nesse momento, muitos fios de cabelo, que estavam na fase de crescimento, entram precocemente na fase de repouso e caem de 30 a 90 dias depois. Essa queda é difusa e pode ser assustadora, porém é importante saber que não há diminuição ou desaparecimento dos folículos, ou seja, as raízes do cabelo.
Essa queda, uma vez iniciada, irá persistir por um tempo, pois quando o cabelo entra na fase de repouso não há como voltar para a fase de crescimento. Tal queda é chamada de eflúvio telógeno e vai passar independentemente de qualquer tratamento.
Nessa fase, podemos utilizar vitaminas e suplementos específicos para que quando o cabelo retornar para a fase de crescimento possa ter melhor qualidade e espessura. Esses suplementos podem ter: cisteína, Vitamina C, Vitamina E, biotina e silício, entre outros.
A queda de cabelo promove ansiedade e depressão, principalmente nas mulheres, e portanto elas devem ser orientadas no sentido de que aquele cabelo não morreu ou ficou inviabilizado.
Outra situação que pode aparecer ou piorar devido ao estresse é a dermatite seborreica.
A dermatite seborreica compromete principalmente o couro cabeludo e promove descamação, coceira e caspa no local. Além disso ela piora a queda de cabelo. Ela pode ser tratada com corticoides tópicos e xampus antiseborreicos e antioleosidade.
Outros problemas de pele podem ocorrer devido ao excesso de estresse, entre eles coceiras que chamamos de prurido e também o aparecimento do herpes simples nas pessoas com predisposição a essa virose.
Doenças como psoríase, que é uma doença inflamatória, também pioram com o estresse.
O vitiligo, que é uma doença autoimune, pode ser desencadeada ou exacerbada por questões emocionais.
A acne, que se manifesta como pápulas, pústulas, nódulos e abcessos, também pode piorar com o excesso de preocupações.
Vamos, ao longo dos dias, explicando um pouco mais sobre cada doença dermatológica que pode piorar com o estresse intenso.
Aguarde as próximas publicações que falaremos das outras doenças relacionada ao período de stress pelo Coronavírus.
Dra. Denise Steiner
Dermatologista
CRM: 36.505 - RQE 6185
- Médica Dermatologista
- Médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP
- Residência no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - HCFMUSP (1980-1982)
- Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD
- Doutora em Dermatologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
- Especialista em Hansenologia
- Especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP
- Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD
Ótimo!!?
E sobre o melasma?
Quais procedimentos?