QUEDA DE CABELO NA MULHER – Dra. Tatiana Steiner
Nas mulheres, a queda de cabelo ocorre com sintomas variados. Em geral, a rarefação é difusa, com progressivo afinamento dos fios, perda de volume e aparecimento do couro cabeludo. Esse processo é lento e, por isso, muitas mulheres não conseguem perceber precocemente a calvície. Em outros casos, a queda pode ser mais localizada e em placas.
Entenda as principais causas de queda capilar:
1.Alopecia Androgenética (AGA):
É caracterizada por uma alteração do ciclo do cabelo levando a miniaturização dos folículos pilosos, isto é, os fios grossos e escuros aos poucos evoluem para fios finos, curtos e despigmentados. É o tipo de queda de cabelo mais comum em ambos os sexos.
Nas mulheres, a participação hormonal é incerta, mas acredita-se que exista uma desordem hormônio dependente e estímulos de hormônios androgênios que atuam no folículo piloso. Além disso, há uma origem genética cujo mecanismo ainda não está totalmente esclarecido, mas a herança pode ser tanto materna como paterna.
Na mulher, os sinais clínicos costumam aparecer por volta dos 30 anos, com progressiva piora após a menopausa. Observa-se um afinamento difuso dos fios, que poupa a linha frontal, perda de volume e aparecimento do couro.
O tratamento visa retardar a evolução da doença e melhorar a cobertura do couro cabeludo. Medicamentos antiandrogênicos e aqueles que estimulam o aumento da fase de crescimento dos fios são os pilares do tratamento.
2.Eflúvio Telógeno:
O Eflúvio Telógeno (ET) junto com a AGA são as causas mais comuns de queda de cabelo nas mulheres.
É resultado de uma queda exagerada dos fios que ocorre 2 a 4 meses após um estímulo desencadeante que faz com que ocorra um desequilíbrio no ciclo do folículo piloso e os fios passam a cair de forma sincronizada. Os pacientes perdem cerca de 25 a 35% dos cabelos. Quando cerca de 50% dos fios caem, a rarefação capilar começa a ser percebida.
Vários fatores desencadeantes podem estar envolvidos, dentre eles o pós-parto, doenças febris, alterações sistêmicas, anestesias, cirurgias, parada do uso de anticoncepcionais, alguns medicamentos, dietas muito restritivas, stress emocional, entre outros.
A principal queixa do paciente é a queda expressiva do número de fios. Pode haver dor no couro cabeludo em até 30% dos casos. O ET agudo em geral dura 3 meses e apresenta recuperação completa sem necessidade de intervenção. O ET crônico dura geralmente mais de 6 meses e pode durar anos. Ocorre mais em mulheres próximas da menopausa e requer investigação e tratamento dos fatores desencadeantes. Em alguns casos a alopecia androgenética pode se sobrepor ao Eflúvio, dificultando o diagnóstico da queda de cabelo.
É importante observar que, com a chegada da menopausa e as alterações hormonais, é comum que os fios fiquem mais ralos. Há diminuição da densidade dos cabelos e a duração da fase de crescimento dos fios é menor.
O tratamento consiste na eliminação do fator desencadeante. Suplementos vitamínicos não estão indicados de forma aleatória no ET. Corticoides tópicos podem ser utilizados, bem como o uso de minoxidil para o auxílio na recuperação.
3.Alopecia Areata (AA):
Afeta 0,1 a 1,7% da população mundial em algum período da vida. Acomete homens e mulheres em todas as faixas etárias. É uma doença inflamatória que provoca a queda de cabelo em placas. Diversos fatores estão envolvidos no seu desenvolvimento, como a genética e participação autoimune.
Clinicamente há perda brusca e completa de pelos em uma ou mais áreas do couro cabeludo, podendo afetar também áreas como a barba, supercílio, púbis. Observam-se placas de perda de cabelo, com pele lisa e desnuda, geralmente circulares, com 1 a 5 cm de diâmetro. A alopecia areata pode estar relacionada com anormalidades sistêmicas, sendo a alteração de tireóide a doença mais comum. Outras doenças e distúrbios genéticos associados são: Vitiligo, Atopia, Síndrome de Down, Lúpus etc. Ela pode ter um componente emocional como desencadeante do quadro, especialmente em crianças.
Diversos tratamentos estão disponíveis para alopecia areata, desde o uso tópico de corticoides, minoxidil e antralina, uso de imunoterápicos tópicos e também a infiltração intralesional com corticoides. Casos mais extensos podem necessitar de tratamento via oral.
TRATAMENTO GERAL
Há medicamentos tópicos, vitaminas e procedimentos para tratar e prevenir a queda, que incluem o uso de laser, luz LED, microagulhamento, infusão de medicamentos na pele (drug delivery), dependendo da gravidade e do tipo de queda.
Antes de iniciar o tratamento é importante avaliar e investigar as questões envolvidas e tratar outros fatores que pioram o quadro, como dermatite seborreica, deficiência nutricional, alterações sistêmicas e danos na haste.
O ideal é procurar ajuda médica no primeiro sinal de rarefação dos fios. O especialista fará o correto diagnóstico e tratamento.
Dra. Tatiana Steiner - CRM 109788 / RQE 24723
Dermatologista, Especialista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia)
Membro do Colégio Ibero Latino Americano de Dermatologia (CILAD)
Tricologia