2019 AAD Annual Meeting | American Academy of Dermatology
Novidades do Congresso AAD 2019
Estive no meeting da Academia Americana de Dermatologia e assisti uma palestra sobre uma nova substância para a pele madura que age nos receptores do estrógeno. Na aula foi enfatizado que o dermatologista ou ginecologista pouco conversa sobre as perdas e mudanças hormonais nessa fase difícil que a mulher enfrenta na menopausa. Há muitos anos tenho a prática de conversar com minhas pacientes sobre suas queixas nesse período tão especial. Pergunto a respeito dos sintomas, das angustias e também sobre o relacionamento com o companheiro. É impressionante como existem queixas que elas também não relacionam a menopausa como por exemplo as dificuldades com o sono, falta de libido, depressão, variabilidade de humor entre outras mais comuns, como fogachos e incontinência urinária. Lembramos que somos mulheres ativas e independentes e vamos viver muito tempo pós menopausa pois, a expectativa de vida está crescendo exponencialmente. Por esse motivo é muito importante que a mulher tenha consciência que é um momento de reflexão profunda sobre fazer ou não algum tipo de terapia de reposição hormonal.
Agora surge uma nova opção para o tratamento da pele madura pós menopausa. Trata-se de um estrogênio sintético que penetra na pele e age nos receptores específicos promovendo as ações fisiológicas do hormônio como melhoria da hidratação e estímulo do colágeno. Em seguida ele é rapidamente metabolizado pelas enzimas hidroliticas e eliminado. É uma nova classe de agente cosmético chamado MEP (MethylEstradiolpropionato), que não é propriamente um hormônio, mas sim um agonista do receptor estrogênico. Agonista é uma substância capaz de se ligar a um receptor celular e ativá-lo para provocar uma resposta biológica, similar àquela fisiológica.
Quando o estrogênio natural é aplicado na pele, atravessa as camadas da mesma, age como estimulador, porém vai para a corrente sanguínea provocando efeitos colaterais sistêmicos. Já o MethylEstradiolpropionato (MEP) penetra na pele, age no receptor, provoca melhora clínica e depois é metabolizado e não provoca efeito sistêmico. Não é um hormônio, nem modulador, mas sim um agonista eficaz para tratar e melhorar a pele sem efeitos colaterais sistêmicos.
Esse novo produto está em vias de ser aprovado e já existem vários estudos confirmando sua eficácia e segurança num deles, 80 mulheres pós menopausa saudáveis foram tratadas, 60 (com a substância ativa) e 20 (com o placebo). Eles usaram o produto por 14 semanas, 2 vezes ao dia e houve melhora do ressecamento em 54%, do brilho 39%, tonificação 20%, flacidez 19% e atrofia 9% e rugas 8%. Outro estudo acompanhou 15 mulheres que usaram o produto comercial (sérum) pela manhã e (creme) a noite. Mais de 50% das mulheres relataram melhora das rugas, tonicidade, brilho externo e hidratação.
Esta é uma nova e interessante opção chamada MEP, para tratamento facial da pele madura pós menopausa.
Novo tratamento para queda de cabelo – clascoterona
A queda de cabelo afeta homens e mulheres, mas a mulher fica emocionalmente abalada e pode chorar devido a alopecia e ao passo que não derramaria lágrimas devido ao diagnóstico de câncer de pele.
Algumas novas opções de tratamento foram apresentadas no Meeting da Academia Americana de Dermatologia para o tratamento da calvície. A primeira nova droga é um medicamento tópico anti androgênico em forma de creme 1% : a clascoterona
A calvície não é uma doença hormonal, mas o mecanismo de ação está ligado a ação de hormônio androgênico DHT que ao entrar no receptor específico promove a miniaturização do fio e consequente rarefação do cabelo.
Esse novo creme a clascoterona quando passado no couro cabeludo penetra na pele e age nos receptores específicos competindo com o hormônio DHT e evitando sua ação negativa.
A finasterida que é a droga sistêmica mais utilizada para o tratamento da calvície inibe a 5-alfa redutase produzindo menos DHT e inibindo a miniaturização do fio. Os remédios anti androgenicos por via sistêmica tem efeitos colaterais importantes que podem ser evitados como o uso da medicação tópica.
O clascoterona é essa nova medicação anti andrógeno tópico que num estudo de fase 2 teve, melhor eficácia que o minoxidil tópico e a finasterida oral e sem quaisquer efeitos colaterais.
O uso da clascoterona para queda de cabelo é muito promissora.
Novo tratamento da acne da mulher adulta
A acne é uma doença inflamatória não contagiosa que compromete principalmente adolescentes e mulheres adultas. A acne compromete a auto estima e deixa sequelas definitivas, cicatrizes que marcam a pessoa para o restante da vida. Um novo tratamento para a acne foi apresentado no Meeting da Academia Americana de Dermatologia Trata-se da 17 alfa propionato de clascoterona um anti-androgeno, que age em receptores específicos diminuindo a oleosidade e a inflamação.
Como sabemos a acne é causada por vários fatores, entre eles o excesso da produção sebácea. A glândula sebácea é muito sensível a ação dos hormônios androgênicos principalmente o hormônio dihidrotestosterona (DHT). Essa nova medicação é um creme a 1% que penetra na pele e age nos receptores específicos da glândula sebácea diminuindo a produção do hormônio DHT e evitando assim os efeitos androgênicos causados pelo mesmo.
Foi realizado um trabalho com 1400 pacientes usando a clascoterona 1% 2 vezes ao dia durante 12 semanas. Houve melhoria da acne em geral com diminuição da oleosidade, do tamanho dos ostios foliculares e das lesões inflamadas e não inflamadas. Não houve efeitos colaterais significativos e a duração do resultado foi prolongado mesmo com a descontinuação do medicamento.
Em geral, algumas drogas anti androgênicas como a flutamida, dutasterida e espirolactona são usadas por via oral para o tratamento da acne provocando efeitos colaterais significativos. Uma nova droga para o tratamento da acne de uso tópico é mais interessante para evitar esses efeitos colaterais.
A clascoterona é a primeira droga anti androgênica de uso tópico e parece uma ótima opção para o tratamento da acne.
Queda de cabelo
O uso do minoxidil 0,25% – a 1,25 % + espironolactona 25mg -50 mg dia por via oral foi muito citado como medicação interessante para queda de cabelo, alopecia androgenética e eflúvio telógeno. A melhora começa ser notada após 1 mês.
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Plasma rico em plaquetas para queda de Cabelo
O PRP que é o tratamento com plasma rico em plaquetas foi um tópico importante no Meeting da Academia Americana de Dermatologia. Tivemos oportunidades de apresentar o trabalho realizado no serviço de Dermatologia da UMC (Mogi das Cruzes) coordenado pela Dra. Denise Steiner para Dra. Maria Hordinsky, presidente da American Hair Research Society. Ela opinou que é uma técnica inovadora e avaliou que há dificuldades de padronização do método.
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Probióticos
Probióticos são microrganismos que quando ingeridos podem ajudar a equilibrar o microbioma e a barreira cutânea e evitar a inflamação. Pode ser usado em várias alterações dermatológicas como acne, psoríase, rosácea, dermatite atópica entre outros. Os probioticos passam a ser uma combinação interessante para incrementar os tratamentos já existentes para essas doenças de pele.
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Peeling de fenol
O peeling de fenol associado ao óleo de croton em concentrações baixas tanto de croton como de fenol é opção interessante para o tratamento do fotoenvelhecimento facial. Há opções de de usar a formula de Hetter com 0,2% – 0,4% de óleo de croton para área dos olhos e 1,2% -2,1% de óleo de croton para área da boca com resultados interessantes para reverter e evidenciar os lábios e também tonificar e diminuir as rugas da área ao redor dos olhos.
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Melasma
O melasma foi abordado no Meeting da Academia Americana de Dermatologia e a evidencia maior foi novamente para o ácido tranexâmico 250mg 2 vezes via oral ao dia associado ou não a outros tratamentos.
A cisteamina (creme de uso local) foi pouco citado, mas é uma alternativa a hidroquinona pois clareia sem os efeitos tóxicos da mesma. A cisteamina tem efeito antioxidante e pode ser usado de 2- 4 vezes por semanas por 90 dias com clareamento importante do melasma.
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Psoriase
Uma nova opção terapêutica foi apresentada. Trata-se da combinação de tratamento de um retinoide com corticoide de alta potência. A junção das 2 substâncias pode melhorar a inflamação e também diminuir a descamação intensa potencializando os resultados positivos no tratamento da psoríase.
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Toxina botulínica
Uma nova Toxina botulínica: probotulinumtoxin A mais duradoura e com a mesma eficácia
Em relação a reconstituição e distribuição da toxina botulínica ambos podem melhorar o resultado final do tratamento. A distribuição homogênea da substância promove melhor ocupação dos receptores e melhor aproveitamento da substância.
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Toxina botulínica
A toxina botulínica melhora a depressão e diversos estudos científicos tem demonstrado esse potencial.
Além disso, está comprovado que o tratamento das linhas da glabela promove uma melhora da interatividade pessoal, isto porque as emoções são contagiantes. Quando a ruga da glabela no meio da testa é muito forte e transparece um olhar tenso as pessoas ao redor também ficam tensas enquanto que se a expressão facial for alegre e feliz isto também irá ser transmitido para as pessoas ao redor.
Com o uso da toxina deixa a pessoa se sente mais atraente e melhora a auto estima, deixando a mesma mais confiante, no contato social. Estes estudos demonstram que a pessoa que tratou as linhas da glabela apresenta maior produtividade no trabalho e transmite paz e alegria para as pessoas ao redor.
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Dieta e microbioma
Restaurar o se usa antibiótico associado com probiótico.
Dieta -ideal para pele evitar leite e derivados
Evitar ingerir açúcar, carboidrato
Mais frutas e vegetais anti oxidantes, grãos
Dieta menos calórica.
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Rosácea
Ivermectina tópica
Rosácea associada a inflamação intestino, doença celíaca e doença cardio vascular. Ansiedade, depressão.
Minociclina tópica 1% . Bom resultado
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Dieta ideal para a pele
Dieta hipocalórica
Evitar excesso de açúcar e carboidratos em geral
Evitar excesso de leite e derivados
Ingerir verduras verdes e legumes coloridos.
Ingerir frutas vermelhas em abundância
Ingerir pouca carne vermelha
Evitar produtos com gordura trans.
A proteína ideal é a proteína do peixe
Dra. Denise Steiner
Dermatologista
CRM: 36.505 – RQE 6185
- Médica Dermatologista
- Médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP
- Residência no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP (1980-1982)
- Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD
- Doutora em Dermatologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
- Especialista em Hansenologia
- Especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP
- Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD
- Membro da Comissão de Ensino da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD
- Membro da Comissão Científica do Congresso Brasileiro Dermatológico (2004)
- Membro da Academia Americana de Dermatologia – AAD
- Membro da Sociedade Internacional de Dermatologia – IACD
- Diretora da Biblioteca da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD Nacional
- Membro da Câmara Técnica de Cosméticos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA
- Coordenadora Científica do Colégio Ibero-Latino-Americano de Dermatologia
- Presidente do Capítulo de Dermatologia Cosmética do Colégio Ibero-Latino-Americano de Dermatologia
- Responsável pelo grupo de vitiligo da UNIFESP – Departamento de Dermatologia
- Coordenadora no Brasil do Estudo Multicêntrico do 1º medicamento via oral para Calvície (finasterida)
- Estágio na clínica da Professora Vera Price (Especialista em Cabelo) da Universidade de São Francisco – Califórnia.
- Professora Titular Chefe do Serviço de Dermatologia da Universidade Mogi das Cruzes
- Membro do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional de São Paulo
- Consultora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA
- Delegada Brasileira do Comitê Científico do Colégio Ibero-Latino-Americano de Dermatologia – CILAD
- Coordenadora do Capítulo de Dermatologia Cosmética do Colégio Ibero Latino – CILAD
- Conselheira da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD
- Presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo
- Coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD – Regional de São Paulo (2007-2008)
- Editora da área de Cosmiatria da Revista Surgical and Cosmetic Dermatology
- Presidente Eleita para Gestão 2013-2014 da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD