Entrevista Dra Tatiana Steiner sobre ROSÁCEA: Doença inflamatória crônica da pele
A rosácea compromete principalmente mulheres entre 30 a 50 anos, especialmente as de pele mais clara e sensível, apresentando períodos de piora, exacerbação e calmaria.
É uma desordem caracterizada por eritema, pápulas, pústulas e telangiectasias que ocorrem no rosto, podendo comprometer também os olhos e nariz. Predomina na região centro-facial e varia de formas leves a formas exuberantes, como o rinofima, mais frequente nos homens.
A pele com rosácea apresenta-se sempre avermelhada, com os vasos aparentes, além de lesões semelhantes às espinhas.
Porque se manifesta em algumas pessoas?
A causa da rosácea é desconhecida, mas estudos apontam para uma combinação de fatores hereditários e ambientais.
Pode ocorrer uma predisposição individual (mais comum em brancos e descendentes de europeus), que pode ser familiar (30% dos casos têm uma história familiar positiva), evidenciando uma possível base genética.
Há forte influência de fatores psicológicos (estresse) e hoje há evidências da participação de um fungo (e de restos dele) da flora normal da pele chamado de Demodex folliculorum e da bactéria Bacillus oleronius, que coloniza esse fungo.
Uma série de fatores pode desencadear ou agravar a rosácea, aumentando o fluxo de sangue para a superfície da pele:
- Alimentos quentes e picantes
- Bebidas alcoólicas
- Temperaturas extremas
- Exposição ao sol
- Estresse, raiva ou vergonha
- Exercício físico extenuante
- Banhos quentes ou saunas
- Uso de corticosteroides
- Uso de medicamentos que dilatam os vasos sanguíneos, incluindo alguns para pressão arterial.
O sol pode piorar a rosácea? Por que?
A exposição solar é um dos fatores de piora, pois os raios ultravioleta (RUV) sobre a pele levam a vários efeitos, como a formação de eritemas, a elevação da temperatura da pele e o aumento do fluxo de sangue que agravam a inflamação da pele com rosácea.
A rosácea é uma inflamação que deixa a pele extremamente sensível e exposta, por isso, deve ser protegida dos raios solares todos os dias. Ambientes abafados e quentes aumentam a possibilidade de uma crise.
Quais os cuidados que as pessoas com rosácea devem ter durante o verão?
A pele com rosácea é sensível, delicada e desiquilibrada, com vasos dilatados e flácidos; por isso os cuidados devem ser precisos durante o ano todo.
Durante o verão, o uso de filtro solar para o rosto é imprescindível. O protetor físico é o ideal, já que sua formulação não se funde com a pele. O protetor físico, também chamado de inorgânico, é composto por minerais, como dióxido de titânio e óxido de zinco, que ficam sobre a pele sem absorção. Com a cobertura, os raios batem e são refletidos pelo filtro, sem penetrar na pele.
O fator de proteção não precisa ser muito alto. Fatores mais altos muitas vezes acrescentam substâncias que podem causar irritação na pele.
Outro detalhe importante é a textura do protetor solar. Os mais fluidos, que geralmente são em gel-creme, são mais indicados por serem fáceis de aplicar e não precisar de muito atrito dos dedos com a pele para serem espalhados.
Filtros com ação antioxidante são boas opções porque reduzem a reação inflamatória da rosácea.
Outras medidas são recomendadas, como o uso de chapéus, proteção em barracas, sombras de árvores, tudo para evitar a exposição solar.
O que a pessoa pode fazer para tratar a rosácea?
A rosácea não tem cura, mas pode ser controlada com uma série de medidas específicas que incluem:
- sessões de laser vascular para clarear a pele
- luzes anti-inflamatórias que ajudam a acalmar a pele e melhorar sua resistência
- medicamento via oral - antibióticos com características imunomoduladoras como minociclina, doxiciclina, tetraciclina
- ativos tópicos como cremes com metronidazol e ivermectina
Trabalhos mais recentes também têm enfatizado o uso da toxina botulínica aplicada de forma superficial para controlar o avermelhamento da pele com rosácea.
‘O diagnóstico da rosácea é médico, assim como o tratamento e devem ser evitados os corticoides sistêmicos ou tópicos, pois estes podem melhorar muito no início, porém causam efeitos colaterais como afinamento da pele, aumento dos vasos e até mesmo a acne. A pele pode ficar viciada ao corticoide, que além de provocar efeito rebote, pode começar a não funcionar mais para o problema’, complementa Tatiana.
Dra. Tatiana Steiner
Dermatologista -CRM 109788 / RQE 24723
Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira
de Cirurgia Dermatológica (SBCD)