Dermatite Atópica em bebês e crianças – Dra. Tatiana Steiner
Se a pele de seu filho frequentemente está seca, irritada, sensível, toda empipocada e com coceira, fique atenta por que ele pode sofrer de uma condição chamada Dermatite Atópica (DA).
A dermatite atópica apresenta lesões em determinadas regiões do corpo, que coçam muito e às vezes formam crostas ou descamam. Ocorre em crianças que são atópicas, uma condição adquirida por herança genética e comumente associada a algum quadro respiratório como asma, bronquite e rinite alérgica. Não é, portanto, uma alergia passageira; e sim, um problema crônico, que alterna períodos de crises e momentos de melhora.
Sua incidência é alta e atinge bebês e crianças do mundo inteiro! Inicia-se nos 6 primeiros meses de vida em 45% das crianças, durante o primeiro ano em 60% e antes dos 5 anos pelo menos 85% das crianças são afetadas.
As crianças atópicas têm a barreira de proteção da pele deficiente, um sistema imunológico reativo e extrema sensibilidade a praticamente tudo que entra em contato com a pele, que fica seca, irritada, com tendência a lesões.
É importante esclarecer a todos que convivem com a criança atópica, inclusive na escola, que não é uma doença contagiosa e que o convívio deve ser normal.
SINTOMAS
A principal marca da dermatite atópica é a pele extremamente seca. Na fase aguda aparece a lesão típica da DA - o eczema, que se caracteriza por lesões inflamadas, avermelhadas, que coçam, descamam e as vezes têm secreção.
As mães devem observar a pele de seus bebês e perceber estas características. Os bebês tendem a coçar à noite e a inflamação fica pior no dia seguinte. Quanto mais o pequeno colocar a mão, pior será a coceira e maior a chance de infecções.
Ao notar os sinais, é preciso levá-lo a um especialista para diagnóstico e tratamento adequado.
A forma como as lesões aparecem na dermatite atópica pode ser dividida em 2 fases principais:
Infantil (até 2 anos):
Bebês normalmente desenvolvem a inflamação no terceiro mês de vida. Há muita coceira, lesões vermelhas, crosta, secreção e vesículas (pequenas bolinhas). É mais comum nas bochechas e queixo.
Pré puberal (2 a 12 anos):
As lesões comprometem mais as dobras, joelhos, ombros e pescoço. Após a adolescência, as lesões atingem qualquer parte do corpo e podem comprometer a face.
A dermatite atópica pode persistir a vida toda, mas há resolução em aproximadamente 50% das crianças por volta de 18 meses e 60% dos casos tendem a desaparecer na vida adulta.
FATORES DESENCADEANTES DA DERMATITE ATÓPICA
O aparecimento dos dentinhos, infecções respiratórias e estresse emocional podem influenciar o curso da doença. Outros fatores de gatilho que agravam o quadro são:
- Animais de estimação
- Pó, ácaros, mofo e plantas
- Produtos químicos e solventes
- Fragrâncias e corantes
- Tecidos sintéticos, lã
- Alimentos
- Mar e piscina
- Banho quente
- Clima muito frio ou muito seco, calor, suor
- Poluição, fumaça
TRATAMENTO
O tratamento da Dermatite Atópica visa restaurar as funções protetoras da pele que são deficientes na criança atópica. A pele precisa de água e lipídeos (óleos) para restaurar a barreira natural. Por isso, a hidratação é importante e deve ser diária, mesmo quando não há lesões.
Nas crises, são utilizados medicamentos com ativos específicos prescritos pelo dermatologista. Quando utilizados corretamente e sob orientação médica, o tratamento melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Viver com dermatite atópica é uma tarefa que exige muito! Bebês e crianças sofrem com o ressecamento e a coceira, que geram irritabilidade e sono intranquilo.
Pequenos atos no dia a dia podem ajudar drasticamente:
1.Hidratar a pele pelo menos 2x/dia; sempre após o banho
2.Um banho por dia, rápido e em temperatura morna (máximo 35 graus); nunca 2 banhos! Prefira chuveiro à banheira
3.Utilizar água termal nas áreas secas e irritadas
4.Não utilizar sabonetes antissépticos e buchas
5.Utilizar sabonetes hidratantes específicos apenas nas partes íntimas. Não passar no corpo todo
6.Nunca utilizar tecidos sintéticos e lã diretamente na pele
7.Retirar carpetes e cortinas dos ambientes
8.Usar protetor de colchões e de travesseiros e lavar semanalmente
9.Roupas íntimas de algodão e sem elástico aparente
10.Cortar o uso de maquiagem, esmaltes, produtos com álcool e cosméticos
11.Manter a unha curta; em bebês, usar luvinhas para evitar infecções
12.Nunca utilizar fórmulas e receitas caseiras
13.Seguir a orientação do especialista e nunca automedicar seu filho!
Dra. Tatiana Steiner - CRM 109788 / RQE 24723
Dermatologista, Especialista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia)