Acne na gestação – Dra. Tatiana Steiner
Durante a gravidez ocorrem mudanças imunológicas, endócrinas, metabólicas e vasculares que fazem com que a gestante fique mais suscetível às alterações na pele.
A acne, doença inflamatória crônica, atinge muitas gestantes e é pior no primeiro trimestre, devido aos elevados níveis hormonais. Algumas mulheres preferem aguardar a regressão das espinhas, enquanto outras procuram algum tipo de tratamento neste período. As lesões geralmente são moderadas, predominantemente na face.
O ideal é, assim que souber que está grávida, conversar com o obstetra e dermatologista e seguir cuidadosamente as orientações para saber o que é permitido neste período.
O tratamento na mulher grávida necessita de atenção especial e o uso de substâncias tópicas requer prudência.
É importante que a gestante não use ou tome nenhuma medicação sem o conhecimento e a permissão do médico e seja orientada a interromper qualquer medicamento oral caso haja atraso no ciclo menstrual.
Há uma orientação definida pelo FDA (Food and Drug Administration), que classifica o risco potencial para o embrião ou feto, em categorias de risco para várias substâncias:
A – estudos controlados – não apresentam risco fetal
B – sem evidência de risco em humanos
C – o risco não pode ser afastado – faltam estudos adequados. O medicamento não deve ser prescrito se o risco/benefício não justificar
D – evidência de risco fetal
E – contra indicado na gravidez - o risco é grande
Várias substâncias usadas para o tratamento da acne estão classificadas nas categorias C/D (NÃO PERMITIDAS durante a gravidez), de forma que é importante estar ciente dessa classificação ao usar qualquer medicamento.
Controlando a acne
O primeiro passo no combate das lesões inflamadas e do aumento da oleosidade, é seguir uma rotina de cuidados diários que incluem: limpeza, proteção solar e uso de substâncias permitidas que controlam o processo inflamatório.
Limpeza-higienização: deve ser realizada 2x ao dia com lavagem facial seguida de limpeza com algodão com tônicos ou adstringentes. Optar por sabonetes suaves e que não causam irritação. O uso de água micelar, loções de limpeza e adstringentes também são recomendados na rotina de higienização para desobstruir poros e remover os resíduos deixados pelo protetor, maquiagem e restos celulares da pele.
Proteção solar: o protetor solar está liberado e deve ser utilizado diariamente pelas gestantes, após a limpeza da pele. Mulheres com tendência à acne e oleosidade, devem escolher protetores livre de óleo (“oil free”) e não comedogênicos. Há muitas opções no mercado e aqueles com cor são ótimos para promover maior cobertura e esconder as manchas escuras e avermelhadas.
Tratamento - Ativos
1.Clareadores: Apesar de muitas mulheres solicitarem substâncias clareadoras nessa fase, devem ser evitadas porque a maioria contém hidroquinona, ácido kógico ou outros ativos que são categorias C. O Ácido Azelaico é categoria B e pode ser usado nas concentrações de 15 a 20%, como opção clareadora nesse período.
2.Anti-inflamatórios: O ácido azelaico, como já citado, é categoria B e boa opção com efeito anti-inflamatório.
3.Retinoides: O ácido retinoico (tretinoína) e seus derivados são Categoria C e proibidos durante a gravidez.
4.Medicamentos orais: as drogas da família das tetraciclinas, como a minociclina, a doxiciclina e as tetraciclinas estão associadas à toxicidade hepática materna, manchas nos dentes das crianças e eventualmente outras anormalidades congênitas. Elas não devem ser usadas por gestantes.
A isotretinoína oral é proibida durante a gravidez devido a sua teratogenicidade, isto é, a capacidade de causar deformidades cardíacas, craniofaciais e outras malformações.
O tratamento da acne de forma definitiva e segura deve ocorrer somente após a gestação e amamentação, garantindo segurança e tranquilidade à futura mamãe e ao bebê.
Dra. Tatiana Steiner - CRM 109788 / RQE 24723
Dermatologista, Especialista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia)
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD)