ACNE e a AUTO ESTIMA na adolescência
A acne é um processo inflamatório que causa cravos ou comedões, pápulas, pústulas (espinhas), nódulos e cicatrizes.
Este quadro é muito prevalente e atinge um grande número de pessoas, tanto homens como mulheres, principalmente no período da puberdade.
A acne é responsável pela perda da autoestima e um comprometimento importante das alterações emocionais. A transição do período da infância para a idade adulta é muito estressante e complexa. Trata-se de um momento onde meninos e meninas estão se desenvolvendo, trocando as características infantis por outras de adultos e tentando desesperadamente ser aceito pelo grupo. Neste período, é muito importante a inserção e aceitação no grupo.
Mesmo num período de transição saudável, esta fase causa bastante sofrimento porque as mudanças emocionais e físicas são profundas e difíceis de serem metabolizadas.
Os pais de crianças/adolescentes acometidos pela acne precisam estar atentos ao comportamento dos filhos.
Nos últimos anos, a discussão profissional e científica sobre as alterações psíquicas do adolescente com acne vem aumentando e se aprofundando. Enumeramos alguns dos problemas que podem ocorrer:
1. Auto estima e imagem corporal
Os adolescentes com acne evitam o contato no olho no olho. Alguns deixam o cabelo crescer para esconder o rosto e as meninas usam maquiagem pesada e inadequada, que pode piorar a acne. Quando os adolescentes têm acne no tronco, evitam participar dos eventos esportivos em grupos.
2. Convívio pessoal e construção de relacionamentos
Os adolescentes se sentem inseguros e evitam novos contatos, principalmente afetivos e de namoro. Tendem a se isolar. Justamente nesse período em que são ampliados os relacionamentos, eles ficam reclusos e alguns desenvolvem fobia social.
3. Trabalho e estudo
Alguns jovens com acne não querem mais ir a escola ou ao trabalho. A acne também contribui para que eles tenham menores chances de escolhas profissionais, pois evitam aquelas que dependem de boa aparência. Os adolescentes com acne, devido a sua baixa auto estima, não têm sucesso no estudo e no trabalho por vergonha e falta de iniciativa.
Em alguns casos os pacientes com acne desenvolvem depressão em parte iniciada por esta baixa autoestima. Certos sinais de depressão, nesta fase, precisam ser reconhecidos pelos pais, como por exemplo: perda de apetite, letargia, variações de humor, problemas de comportamento, choro espontâneo, falta de sono, falta de indignação.
A acne na adolescência pode significar isolamento ou dificuldade escolar extrema. É comum que eles utilizem frases com os pais como: “não tenho vontade de acordar pela manhã”, “seria melhor se eu morresse”, “você estaria melhor sem mim”
Em casos graves pode haver tentativa de suicídio. Lembrar que muitas vezes a depressão, que ocorre na acne, está relacionada ao tratamento com isotretinoína. Como vemos, a acne devido todas as mudanças do adolescente, é muito mais relacionada a depressão do que a medicação.
Nesse sentido, é importante tratar a acne tão logo ela apareça para evitar sequelas físicas e emocionais.
Existem vários tratamentos para a acne, como retinoides tópicos, antibióticos tópicos e sistêmicos, isotretinoína e pílulas anticoncepcionais.
Lembrar que nas mulheres, inclusive adolescentes pode haver ovário policístico, associado ao quadro de acne. Além dos tratamentos convencionais, podem ser utilizados peelings e laser.
É importante procurar ajuda especializada do dermatologista para ser analisada toda a circunstância do caso e escolher o melhor tratamento. É muito importante que os pais estejam atentos e ajudem o adolescente/jovem a buscar auxílio médico especializado para tratar a acne, que, muitas vezes, envolve também, ajuda psicológica/emocional.
Dra. Denise Steiner – CRM 36.505
Médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Residência no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
Doutora em Dermatologia pela UNICAMP
Conselheira da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional São Paulo 2005
Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Biênio – 2013/2014
Coordenadora Científica da Sociedade Brasileira de Dermatologia - 2015/2016
Coordenadora da Educação Médica Continuada da Sociedade Brasileira de Dermatologia - 2015/2016
Professora Titular da disciplina Dermatologia da Universidade de Mogi das Cruzes
Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD
Membro da Academia Americana de Dermatologia – AAD
Membro da Academia Europeia de Dermatologia e Venerologia - EADV
Coordenadora do Capítulo de Cosmética do Colégio Cosmética do Colégio Ibero Latino – CILAD