Toxina Botulínica no tratamento da depressão

Publicado por denisesteiner em

A toxina botulínica é muito conhecida desde 1992, quando houve a publicação de estudos interessantes sobre sua ação nas rugas de expressão.

Tudo começou quando o casal Carruthers, ela oftalmologista e ele dermatologista, notaram que os tratamentos feitos para blefaroespasma (contrações involuntárias na área dos olhos) também melhoravam as rugas de envelhecimento. Desde então, milhares de pessoas já foram tratadas, melhorando a estética facial.

Hoje a toxina botulínica é conhecida e respeitada como um dos melhores tratamentos para melhoria dos aspectos do envelhecimento cutâneo. É considerada muito segura e eficaz, e existem centenas de milhares de tratamentos comprovando sua eficácia e segurança.

A aplicação é feita nos músculos que provocam as rugas, como frontal, corrugador e orbicular do olho. A toxina botulínica também é utilizada para algumas alterações como hiperidrose, excesso de suor e desidrose, que é um tipo de eczema que compromete as mãos e pés com muita inflamação e coceira. Também há trabalhos demonstrando sua ação no avermelhamento da rosácea e na melhoria de cicatrizes hipertróficas. Lembramos que seu uso nas doenças musculares, fazendo com que ocorra o relaxamento desses músculos. É usada em paralisia cerebral e várias distonias, levando a um conforto muito grande e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

Nos últimos anos vem sendo observada uma nova ação: TOXINA BOTULÍNICA NA MELHORIA DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS. Efeitos positivos no humor foram observados em pacientes que tratavam as rugas da glabela com toxina botulínica.

Um estudo com 30 pacientes em 2012, tratando 15 pacientes com a toxina botulínica e 15 pacientes com placebo, mostrou que um simples tratamento da região glabelar com toxina botulínica, foi suficiente para aliviar os sintomas de pacientes deprimidos que não respondiam ao tratamento convencional. Várias hipóteses vêm sendo propostas para esse tipo de efeito:

  • A toxina botulínica, por melhorar os efeitos estéticos, indiretamente melhora o humor.
  • A melhoria da aparência com uma expressão mais leve, levaria a um feedback social positivo.
  • A diminuição da ativação do músculo da glabela diminuiria os sinais aferentes ao cérebro, diminuindo os efeitos negativos.
  • A toxina atingiria o cérebro diretamente, afetando o processo emocional.
  • A paralisia do corrugador, que impediria de fazer expressões negativas, faria com que essas pessoas se sentissem mais felizes.
  • Mecanismos proprioceptivos de feedback atuariam ajudando a pessoa a se sentir melhor. Esse mecanismo é sustentado por outros estudos que mostram que a toxina melhora a percepção emocional das pessoas tratadas.
  • A melhoria estética, propriamente dita, estaria descartada como mecanismo principal, uma vez que as pessoas que fizeram parte do estudo não se queixavam de rugas. Portanto, não foi o fato de melhorar rugas que ajudou a melhorar a depressão.

Recentemente, em 2016, foi feito uma grande revisão para avaliação dos trabalhos sobre esta questão. Foram avaliados 639 artigos e 5 deles, que agruparam 194 indivíduos, que tinham entre 49  +/- 9,4 anos foram verificados. Além disso, três grandes estudos randomizados e controlados com 134 pacientes incluídos, foram estudados nesta meta analise.

Esta avaliação, que é chamada de medicina baseada em evidência, mostrou que a diminuição da depressão foi significativa nos pacientes tratados com toxina botulínica. A melhoria da depressão foi expressiva quando comparada com pacientes tratados com placebo. Após meta-analise é possível acreditar que a toxina botulínica causa melhoria significativa nos sintomas de depressão. Importante ressaltar que este tratamento pode ser associado às terapias clássicas medicamentosas e ou psicológicas. Este é um campo promissor e relevante, considerando que a depressão é muito prevalente e difícil de tratar. A toxina botulínica, por sua vez, é um tratamento relativamente simples, muito segura e tem a duração de cerca de 6 meses, tornando razoável seu custo/benefício. Além disso, este tipo de pesquisa ajuda a explicar ainda mais o complexo mecanismo de funcionamento do cérebro.

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