Opções terapêuticas para a alopecia androgenética

Publicado por denisesteiner em

A alopecia androgenética é a forma mais comum de queda de cabelo, com uma prevalência estimada entre 50 a 80% no sexo masculino e 20 a 40% no sexo feminino. Atinge as áreas andrógeno-dependentes do couro cabeludo, com ação específica do DHT nos folículos pilosos, principalmente em indivíduos geneticamente suscetíveis. O mecanismo mais prevalente é a miniaturização, ou seja, a transformação dos fios terminais em fios velus, que são menores e mais finos.

Em relação ao tratamento, é importante observar a micro inflamação que possa existir no couro cabeludo, associada a dermatite seborreica, danos actínicos da radiação ultravioleta [UV], produtos químicos ou bactérias ativadas pela radiação UV – fatores que parecem influenciar a epigenética e devem orientar o tratamento. Excluindo os transplantes capilares e a micropigmentação, há várias alternativas para tratamento da alopecia androgenética, dos medicamentos que tem ação biológica, destaca-se o minoxidil; antiandrógenos com ação específica no recetor; e bloqueadores enzimáticos, os que mais se destacam são a finasterida e a dutasterida.

Minoxidil

Apesar de utilizado há muitos anos, o seu mecanismo de ação ainda não está totalmente definido, mas parece prolongar a fase anágena. A dose de 5% é comprovadamente mais eficaz que a dose de 2%. Atualmente, além da loção, que é aplicada duas vezes/dia, também há a espuma 5%, que pode ser aplicada uma vez/dia proporcionando uma maior comodidade, além disso, recentemente ela foi aprovada também para uso em mulheres. São poucos os efeitos coloterais relatados em relação ao uso do minoxidil, por períodos bastante prolongados.

Antiandrogênicos

A espironolactona, indicada apenas para mulheres, é bastante utilizada devido ao seu efeito antiandrogênico. Por ser a única droga administrada para o tratamento da alopecia androgenética, a dose diária é de 100 a 200 mg/dia, durante seis meses, o que provoca muitos efeitos colaterais, sendo necessário o controle da função hepática e dos níveis de potássio. Por esses motivos, cada vez mais esta droga deixa de ser uma opção terapêutica isolada, dando-se preferência para o uso da espironolactona associada a outros tratamentos.

É importante lembrar que os progestágenos utilizados na composição de diversas pílulas anticoncecionais (como o acetato de ciproterona, a drospirenona e o acetato de clormadinona) também podem auxiliar no tratamento da alopecia androgenética, pela sua ação antiandrogénica.

Controvérsias com finasterida

A finasterida está entre as drogas mais utilizadas no tratamento da alopecia androgenética masculina. Trata-se de um inibidor específico e competitivo da 5-alfa-redutase II, reduz os níveis de DHT em cerca de 65% e deve ser administrada na dose de 1 mg/dia – nem mais, nem menos.

Contraindicada no sexo feminino e, em mulheres com idade fértil, pois pode levar à feminilização do feto masculino. Porém, exista na literatura relatos (of-label) dos seus efeitos benéficos em mulheres com hiperandrogenismo – por exemplo, em casos de ovário policístico – com doses mais elevadas – de 2,5 mg/dia até 5 mg/dia.

Inúmeras controvérsias foram relatadas em torno da finasterida, entre elas o fato da droga alterar o marcador tumoral PSA [antígeneo específico da próstata]. Mesmo com estudos concluindo sobre a diminuição da prevalência de câncer da próstata em 24,8%, ainda subsiste na comunidade científica, a dúvida sobre a sua relação com a ocorrência de tumores mais graves, principalmente com a dose de 5 mg/dia.

Mas os efeitos colaterais da finasterida na esfera sexual são, atualmente, os mais controversos. Um trabalho recentemente publicado fez ressurgir uma dúvida já amplamente debatida: a continuidade dos efeitos colaterais da finasterida – entre os quais a diminuição da líbido e da qualidade da ejaculação e do orgasmo – mesmo após a descontinuação dessa droga. Mas a causa deste mecanismo é imprevisível e desconhecida, não havendo uma conclusão formal sobre esta questão. Uma meta-análise recente, considerou que os trabalhos até hoje publicados não são adequados para determinar se haverá ou não persistência dos efeitos colaterais da finasterida após a sua descontinuação. Neste sentido, estão sendo conduzidos vários trabalhos de investigação e por isso, este é um tema que merece reflexão.

Dutasterida

A dutasterida também tem sido muito utilizada na abordagem da alopecia androgenética, pelo seu efeito inibidor da 5-alfa-redutase I e II, diminuindo os níveis séricos e tópicos de DHT em mais de 90%. Contudo, esta droga tem efeitos colaterais significativos de impotência sexual, diminuição da líbido e também interação medicamentosa. Porém, há relatos na literatura de melhoria com a sua utilização em mulheres, na dose de 0,5 mg/dia, durante 12 meses.

Novos tratamentos:

Estão em estudo várias alternativas de tratamentos, entre eles, os análogos da prostaglandina (entre os quais o setipiprant, um antagonista da PGD 2 e do recetor GPR 44, com resultados iniciais promissores); os tratamentos com luz e laser em baixa frequência; o plasma rico em plaquetas (apesar de serem poucos os estudos consistentes a sustentar cientificamente a sua possível utilização) e das células tronco.

Atualmente, a terapêutica transdérmica também é outra possibilidade de abordagem da alopecia androgenética. Este método, que começou a ser desenvolvido com a utilização do laser fracionado ablativo e da radiofrequência fracionada em associação com ultrassom, é aplicado através da pele, formando microcanais, seguida de infusão de substâncias ativas, por um aparelho semelhante ao utilizado na realização das tatuagens.

Conclusões: É fundamental que haja uma avaliação completa do paciente para a indicação do tratamento da alopecia androgenética, como o controle da micro inflamação, a correção dos níveis hormonais e de nutrientes que possam estar alterados, como o ferro, o zinco e algumas vitaminas; o controle do stress e de algumas doenças concomitantes, como da tiroide; a administração de finasterida e/ou minoxidil e de luz e laser de baixa frequência.

17 respostas para “Opções terapêuticas para a alopecia androgenética”

  1. Maria Cristina disse:

    Dr. Denise. Bom dia. Me ajude. Sofri de tricotilomania dos 13 anos ate os 34 anos. Tem 4 anos,que eu não tenho mais esta doença. Só que no lugar das falhas não nascem mais cabelos. Eu tenho impressão que está fraco para nascer ou pode ser que o bulbo capilar esteje entupido. Me ajude. O que usar p melhorar. Pelo amor de Deus.

    • denisesteiner disse:

      Bom dia Maria Cristina

      A tricotilomania é uma doença que merece tratamento até com drogas psicotrópicas. Não é possível e nem permitido pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) fazer isso via internet. É necessária consulta.

      Obrigada pela compreensão.

  2. grayce disse:

    Olá Denise!! Meu cabelo cai fora do normal a mais ou menos uns dois anos. Quase nunca percebia queda dos fios e de repente com a mudança na minha rotina de trabalho eles começaram a despencar. já fui a vários dermatologistas, meus exames estão normais. Não tenho falhas na cabeça e estão nascendo muitos fios novos, mas mesmo assim a queda não cede. Será que posso ter a alopecia androgenética ou é apenas um eflúvio telógeno que se cronificou?

    • denisesteiner disse:

      Olá,
      Para orientação de tratamento para qualquer problema é necessária uma consulta. Isso ocorre por dois motivos: o primeiro porque, eticamente o Conselho Federal de Medicina não permite consultas por e-mail. Em segundo lugar, porque é necessária uma avaliação pessoal.
      Agradecemos a compreensão.

  3. LÚCIO disse:

    Olá, boa tarde Dra.

    A Sra. sempre defendeu em seus textos que o tratamento com finasterida 1 mg é seguro e recomendável, e que eventuais efeitos colaterais desaparecem com a descontinuação do tratamento. Porém, neste texto, há relato que podem eventuais efeitos continuarem. Afinal, é ou não um remédio seguro Dra ? Finalizando, é recomendável que quem usa finasterida 1 mg faça checkup anuais ? Mto obrigado. Parabéns pela profissional que a Sra. é.

    • denisesteiner disse:

      Olá.
      Tive a oportunidade de participar do estudo fase 3 da finasterida no ano de 1996, antes do seu lançamento oficial. Esse estudo foi multicêntrico, mundial e foram acompanhados 1.800 homens, sendo que metade tomou placebo e metade tomou a finasterida. No final, os resultados foram positivos para o tratamento da calvície masculina. Na época, foram apontados alguns efeitos colaterais na esfera sexual, que após a descontinuação da droga naquele grupo cederam naturalmente.
      Vale lembrar que a finasterida é aprovada desde 1996 pela ANVISA e FDA. Estudos mais recentes têm polemizado o assunto sobre efeitos colaterais tardios baseados numa primeira publicação que era passível de várias críticas.
      Foi realizada uma meta-análise, que é uma análise dos trabalhos sérios e científicos sobre o assunto, que concluiu que no momento não podemos afirmar, nem que sim nem que não, a respeito desses eventuais efeitos colaterais tardios.
      Reitero que na minha experiência com o uso contínuo dessa medicação, desde 1996, não tenho nenhum caso em que tenha havido persistência dos efeitos colaterais. O assunto está em pauta e continuo com a mesma opinião. Acho que fazer check up anual é interessante em várias circunstâncias, mas no caso da finasterida, o que importa é se você tem ou não efeitos colaterais que possam de alguma formar estar relacionados com a droga. Em caso positivo, deve ser avaliado por especialista pertinentes.
      Espero ter respondido adequadamente. Obrigada pela confiança.

      • LÚCIO disse:

        Obrigado pelo belo esclarecimento Dra.

        A Sra. fala no site da Sra. que a finasterida 1 mg pode ser tomada em qualquer horário. A Sra. quer dizer que pode ser fixado um determinado horário do dia, e este horário deve ser seguido todos os dias (Ex. todos os dias às 13 horas), ou a Sra. quis dizer que não há problema não ter um horário exato para tomar (Ex.: hoje tomo às 13 hs, amanhã tomo às 18 hs etc) ???

        Pergunto isso porque em três anos tomando fina não sigo um horário padrão.

        Finalizando, em regra a fina não faz nascer cabelos né Dra. ? Apenas os mantém, ou seja, mantém os fios que estão na cabeça, correto ?

        Muito obrigado mais uma vez. Fica com Deus.

  4. LÚCIO disse:

    Obrigado pelo belo esclarecimento Dra.

    A Sra. fala no site da Sra. que a finasterida 1 mg pode ser tomada em qualquer horário. A Sra. quer dizer que pode ser fixado um determinado horário do dia, e este horário deve ser seguido todos os dias (Ex. todos os dias às 13 horas), ou a Sra. quis dizer que não há problema não ter um horário exato para tomar (Ex.: hoje tomo às 13 hs, amanhã tomo às 18 hs etc) ???

    Pergunto isso porque em três anos tomando fina não sigo um horário padrão.

    Finalizando, em regra a fina não faz nascer cabelos né Dra. ? Apenas os mantém, ou seja, mantém os fios que estão na cabeça, correto ?

    Muito obrigado mais uma vez. Fica com Deus.

    • denisesteiner disse:

      Essa medicação pode ser tomada a qualquer horário do dia. Isso é, de manhã, à tarde ou à noite. A preferência é tomar sempre no mesmo horário. Essa é a indicação ideal, mas se um dia acontecer um problema e esquecer de tomar no horário certo e atrasar um pouco, isso não é algo que vá interferir na resposta do medicamento. O importante tomar apenas uma vez ao dia.

  5. José Lima disse:

    Prezada Denise Steiner,

    Por gentileza, gostaria de saber se o remédio HairLossBlocker funciona de verdade conforme o site http://hairlossblocker.com.br/?mcr=ATQ129015 ou se é mera propaganda. Vi comentários inclusive no facebook que está dando excelentes resultados.

    • denisesteiner disse:

      Olá, agradeço o seu interesse. No entanto, é necessário esclarecer que a área médica segue a regulação do Conselho Federal de Medicina. Este órgão, até o momento, proíbe o atendimento e a indicação de medicamentos sem que haja o exame físico do paciente. Portanto, é necessária uma consulta para avaliação profunda e completa e melhor indicação de tratamento ou medicamento a ser utilizado.
      Fico à disposição. Obrigada.
      (11) 5185-0570 / 3825-9955 / 3825-9968.

  6. Patrícia Leite disse:

    Tenho Alopecia Fibrosante Frontal, que é uma doença autoimune. Se alguém tem a mesma doença e faz o tratamento com vitamina D do Drº Cícero, gostaria de saber se está tendo resultados. Obrigada

    • denisesteiner disse:

      A Alopecia Fibrosante Frontal ainda não é caracterizada como uma doença autoimune. Não se sabe a sua causa, mas não necessariamente ela tem essa particularidade, essa característica de doença autoimune. Então isso não está fechado. De uma maneira geral, hoje quando uma pessoa se queixa de qualquer tipo de problema no cabelo, seja queda geral, ou uma queda específica, como a calvície ou como essa Alopecia Fibrosante Frontal, nós checamos a vitamina D e, se ela estiver deficiente, tentamos deixá-la nos níveis normais. Porém, não tem nenhuma referência, nem tratamento de vitamina D em altas doses para essa doença, e eu considero isso perigoso.

  7. Bruno C. P. disse:

    Bom dia… estou em duvida com relação ao finasterida e o dutasterida.
    Pelo o que percebi o resultado do dutasterida é mais eficaz porém com mais efeitos colaterais. Confere?
    Cheguei a ouvir aqui em minha cidade q os efeitos colaterais sao menores… será?

    • denisesteiner disse:

      O principal é que você só pode tomar finasterida ou dutasterida com acompanhamento médico. A dutasterida pode apresentar mais efeitos colaterais.

  8. Leilane disse:

    Olá doutora,

    Qual droga voce considera mais eficaz para alopecia androgenetica: espirolactona ou dudasterida?
    Obrigada

    • denisesteiner disse:

      Boa tarde Leilane,
      Obrigada pelo contato. Não há uma resposta específica para sua pergunta. As duas drogas são utilizadas e a indicação de cada uma delas vai depender de cada caso. A dudasterida é muito eficaz mas, tem alguns efeitos colaterais e não é formalmente indicada para mulheres para tratamento de alopecia androgenética. A espirolactona nas doses utilizadas costumam ser usadas em conjunto com outras medicações.
      Como vê a resposta mais adequada seria relacionada a todas as informações e custo beneficio de cada caso. A última observação é que essas medicações não podem e não deve ser usadas sem receita e orientação médica.
      Ficamos à disposição para quaisquer dúvidas

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