Congresso Mundial de Dermatologia

As novidades do Congresso Mundial de Dermatologia

A Dra. Denise Steiner, do departamento científico da SBD, foi uma das dermatologistas brasileiras no evento que destacou os avanços no combate de doenças de pele e as novas tecnologias usadas na cosmiatria

O Congresso de Vancouver no Canadá foi um dos eventos mais importantes da Dermatologia no ano. Foram seis dias de intensos debates e discussões sobre os tratamentos que podem beneficiar pacientes ao redor de todo o planeta.

 

A Dra. Denise Steiner, Coordenadora do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Dermatologia, fez um breve resumo dos principais temas que foram debatidos durante o Congresso:

 

Tratamento para o câncer de pele com a luz do sol

“Trata-se do uso da terapia fotodinâmica para o tratamento das lesões pré-cancerosas e o próprio câncer de pele (basocelular) quando superficial. Utiliza-se um creme que é passado nas áreas afetadas (campo cancerizável). Esse creme tem afinidade pelas células cancerígenas e promove uma reação química que deixa essas células evidenciadas. A luz do sol seria o fator de tratamento final, pois teria mais afinidade por essas células marcadas e promoveria a destruição das mesmas. O produto é utilizado em casa e o paciente é orientado como deve tomar sol”.

 

Sol, luz visível, infravermelho

“No Congresso, houve um intenso debate sobre a influência de outros tipos de radiação na pele, que não a solar. Se considerarmos a radiação total que recebemos por dia, temos abaixo o percentual de cada tipo de radiação e observamos que, tanto a luz visível como o infravermelho, são bem maiores do que a radiação ultravioleta:

UV – 3%

Visível 44% – exposição a qual estamos expostos

IR infravermelho – 53%

 

O sol é bastante agressivo, como já se sabe, porém a luz visível e o infravermelho chegam a nossa pele em maior quantidade. A agressão causada por essas radiações é feita de forma indireta, estimulando a formação de radicais livres. Precisamos conseguir proteção em relação a essas radiações, pois elas ainda não existem. Nenhum filtro solar do mercado protege da luz visível. A luz visível atinge muito mais as pessoas que têm maior concentração de pigmentos e, portanto, agride mais aos negros do que brancos, causando eritema e melanogênese. Talvez essa seja a causa dos pacientes mestiços terem mais melasma e também maior dificuldade para evitar o escurecimento da lesão. Vários trabalhos e medidas têm sido feitas, medindo a agressão da luz visível. Há também agressões imunológicas, como o aumento da expressão do CCL18 que tem sido associado a dermatite atópica e linfomas. A novidade é que através desses estudos conclui-se que a luz visível aumenta a pigmentação, a tirosinase e o CCL18 somente na pele escura e não na pele clara.Atualmente filtros com vitaminas antioxidantes e filtros com cor protegem em parte da luz visível”.

 

Vitamina D

“Está comprovado que o excesso de gordura está associado à níveis sanguíneos baixos de vitamina D. A obesidade pode estar associada a índices mais baixos de Vitamina D, assim como, síndrome metabólica e dislipidemia. Também contribuem para níveis baixos de Vitamina D, vida urbana e doenças em geral. Estudos mostram que o nível de vitamina D está relacionado à cor da pele. Estudos diferenciados mostram que pequenas quantidades de luz UVB nos braços 4x por semana é suficiente para manter o nível de Vitamina D em pessoas saudáveis. Lembrar que muitos países consideram valores normais acima de 20ng/dia normais, e portanto, a interpretação dos exames de sangue que dosam Vitamina D é controverso.

Ainda há muitas dúvidas sobre a vitamina D, sendo importante estudos que pesquisem esse assunto na profundidade, porém o mais evidente é que não se sabe muito sobre esse assunto”.

 

Tratamento da gordura localizada

“Foi aprovada pelo FDA uma molécula para o tratamento da gordura localizada. Trata-se de o ATX 1, cujo princípio ativo é o Deoxicolato, potente agressor à célula de gordura. Este produto não chegou no Brasil e é uma injeção, que é aplicada na área da gordura localizada como culote, gordura mentoniana, entre outros. A aplicação não é dolorida e deve ser feita por médico. O mecanismo de ação é uma agressão à parede das células, levando a uma inflamação que promove o rompimento celular e posterior metabolismo da gordura”.

 

Tratamento da celulite

“Outra abordagem para o tratamento de gordura localizada e celulite é a laser lipólise, em que é usada uma cânula agregada ao aparelho de laser. Essa cânula tem o cumprimento de onda para atingir a gordura e estimular o colágeno. Este aparelho, segundo novos estudos, tem função principalmente de quebrar a fibrose do tecido celulítico. Trabalhos recentes mostram a vantagem desse aparelho, que tem grande eficácia em melhorar a celulite, além de diminuir a gordura e a flacidez”.

 

Alopecia areata

“Dentre os temas discutidos, a Alopecia Areata ganhou destaque por novos estudos que comprovam a eficácia de tratamentos alternativos. A Alopecia Areata é uma doença autoimune que leva a queda de cabelo parcial ou total, com o aparecimento de áreas de alopecia circulares ou ovaladas, sem qualquer sintoma, como inflamação ou coceira. O diagnóstico é clínico e as causas ainda não estão definidas. O tratamento para a Alopecia areata é variado, podendo ser utilizado corticoide tópico, infiltração e também por via oral. São utilizados outros imunossupressores como ciclosporina e também o tratamento com difenciprona. No Congresso Mundial de Dermatologia foi apresentada uma conferência que mostrou novas opções para essa doença com excelentes resultados, como os inibidores de JAK, que foram aprovados recentemente pelo FDA. Uma delas é o tofacitinib em cápsulas de 5mg. Outra droga, o ruxolitinib cápsulas de 20mg por 3 meses. Essas drogas foram utilizadas em cerca de 50 pacientes com estudos controlados e no prazo de 3 meses, demonstraram ótima resposta terapêutica com efeitos colaterais não significativos. Essas drogas também são usadas para psoríase e o mecanismo de ação apesar de anti-inflamatório não está totalmente esclarecido.”

 

Ácido Tranexâmico para tratamento do melasma foi bastante comentado

“O ácido tranexâmico oral, com ação anti-inflamatória, diminui a reação à radiação ultravioleta. Dermatologistas brasileiros já utilizam essa opção de tratamento, mas o uso do ácido foi um dos temas mais debatidos no evento, no que diz respeito ao melasma. Diversos estudos mostraram efetividade do uso do ácido tranexâmico no melasma, com inibição da melanogênese. Derivado sintético do aminoácido lisina, amplamente utilizado como hemostático, com uso no tratamento do melasma relatado pela primeira vez em 1979 no Japão. Inibição da síntese de melanina por interferir na interação melanócitos X queratinócitos através da inibição do sistema plasminogênio-plasmina. Porém, sabe-se dos efeitos colaterais: desconforto gastrointestinal (5,4%) e hipomenorréia (8,1%). Também possui contra indicações: tendência a eventos troboembólicos, pró-coagulação evidenciada por testes laboratoriais. O ácido tranexâmico pode ser combinado com qualquer tecnologia, Seu mecanismo de ação esta associado ao sistema de proteção da pele. Ele evita a transformação do plasminogênio em plasmina e dessa forma, evita que vários fatores inflamatórios sejam acionados através da interação entre queratinócitos e melanócitos. A substância não é um clareador, mas sim um inibidor da cascata inflamatória gerada pelo sol, que após atingir o DNA das células (queratinócitos) que por sua vez repercute no melanócito devido à formação de plasmina”.

 

Melasma e Acne

“O melasma também pode estar associado a resistência à insulina e excesso de peso, por esse motivo é importante a avaliação do paciente de uma maneira global.

O tratamento e controle da resistência à insulina deve ser a abordagem inicial para que tenhamos melhores resultados no clareamento das manchas”.

 

Minociclina para diminuiro aumento das manchas de Vitiligo

“Uma boa novidade para o tratamento do vitiligo é o uso da minociclina, que pode interromper a progressão da doença. O estresse oxidativo mediado pelos radicais livres parece ter grande importância na destruição dos melanócitos. A minociclina possui ação anti-inflamatória, imunomoduladora e varredora de radicais livres, além de ser bem conhecida por seus efeitos antimicrobianos. Desta forma, a minociclina oferece uma abordagem única e potencialmente poderosa para o combate da atividade da doença. O uso da minociclina (um atibiótico) como imunomodulador – substância que atua no sistema imunológico para aumentar a resistência do organismo contra microorganismos (vírus, bactérias, protozoários…). Um estudo demonstrou que 80% dos pacientes deixaram de apresentar novas lesões com uso de minocilina. Já em comparativo da Minociclina X Minipulso Oral de Dexametasona, ambos se mostratam efetivos na supressão da atividade do vitiligo e estabilização da progressão da doença”.

 

Terapia transepidérmica feita de várias maneiras com Laser, com Radiofrequência, com Microagulhamento, Eetc.

“O sistema vem sendo estudado para o tratamento de vários tipos de doenças, como psoríase, vitiligo, melasma, acne, leucodermia pontuada, cicatrizes, etc.

É importante lembrar que drogas que não são injetáveis, em apresentações usuais, o cuidado deve ser muito maior. Esta terapia é bastante promissora, pois várias drogas podem ser utilizadas, assim como várias doenças podem ser tratadas. Nesse tratamento agredimos a pele com um aparelho, provocando um dano físico (como picada do microagulhamento) ou dano calórico, provocando microfuros na pele (laser de CO2). Após essa agressão é feito o uso de medicações específicas, que possam então  penetrar melhor e atingir camadas mais profundas da pele e agir mais especificadamente para a doença em questão”.

 

Folículo Pilo Sebáceo

“Há muitas pesquisas em relação à chamada bioengenharia do folículo pilo sebáceo. Estes estudos apontaram que podemos ter recuperação dos cabelos utilizando as células tronco progenitoras do folículo pilo sebáceo. Estes trabalhos de bioengenharia ainda não estão inseridos na prática clínica. Os asiáticos estão bastante adiantados nesse assunto”.

 

Toxina Botulínica para depressão

“Muitos e muitos trabalhos mostraram efeito da toxina botulínica na depressão.  Os estudos mais recentes enfatizam que a pessoa melhora do humor e depressão. Estes resultados são alentadores. Não foi definido o mecanismo de ação, mas o mesmo pode estar relacionado a melhor aparência gerada por essa substância, mas também pela liberação de fatores neuroendócrinos na placa neuromuscular”.

 

Aplicação de Toxina Botulínica no músculo masseter e na glândula parótida para afundamento do rosto

“Um professor coreano fez uma apresentação bastante interessante usando 50U de toxina botulínica de cada lado da face, no masseter e na glândula parótica, para promover o afinamento e alongamento do rosto. Ele enfatiza que para a cultura oriental, o rosto ovalado e fino é um padrão de beleza. Ele também mostrou que faz preenchimento na linha central da face, tanto na região da fronte, como queixo e nariz. São aplicações com pouca quantidade de preenchedor, mas que apresenta resultados sutis e naturais”.

 

Célula tronco

“Foi apresentada uma conferência sobre a pesquisa em célula tronco na dermatologia. Os pesquisadores concluíram que a célula tronco Stem cell é cercada por um ambiente próprio que influencia no seu comportamento. Quando fazemos cultura de células fora desse ambiente (nicho), elas mudam de comportamento, inclusive podendo se transformar em células cancerosas. Esses estudos demonstraram o cuidado que deve haver com a manipulação dessas que células que podem evoluir para o bem ou para o mal. Esses pesquisadores tentam compreender detalhadamente o comportamento dessas células fora do organismo humano, para que as mesmas possam ser utilizadas para diversos tipos de tratamento”.

 

Probióticos

“Probióticos cada vez mais são associados a tratamento de doenças como dermatite atópica, psoríase, mas também para fotoproteção e antienvelhecimento. A importância da microbiota da pele pode influenciar de forma positiva ou negativa. Equilibrando a flora, muitas doenças podem melhorar sem a necessidade de medicações agressivas”.

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