MANCHA PERTUBADORA E REVELADORA: MELASMA

Publicado por denisesteiner em

O melasma se apresenta como uma mancha marrom simétrica sem sintomatologia, que ocorre na face de mulheres em idade fértil. Essa espécie de máscara perturba muito a autoestima das mulheres comprometidas. Embora, o melasma possa em algumas situações, ser confundido com outras manchas, tem características muito próprias, que suscitam algumas especulações.

Por que essa mancha só aparece na face? O sol é o causador ou há predisposição familiar?

Por que ocorre muito mais em mulheres? Qual a relação dessa hiperpigmentação como os hormônios? Por que melhora após a menopausa?

Por que as mulheres morenas apresentam essa mancha com mais frequência? Qual a relação do estresse com o melasma?

Algumas dessas perguntas começam a ser respondidas a luz de estudos profundos de epidemiologia, biologia molecular e histopatologia.

Há aparentemente uma grande influência da genética para o aparecimento do melasma. Em alguns estudos epidemiológicos a ocorrência familiar varia de 15% a 60%. Além disso, outras avaliações demonstraram que as peles mais morenas, como as das latinas americanas, são mais susceptíveis ao aparecimento do melasma.

Quanto ao sol, ele realmente é significativo para o aparecimento do melasma, O sol através dos raios UVA e UVB, provoca uma agressão às células da pele. O sol agride a própria célula da pigmentação, chamada melanócito, que produz mais melanina. O sol também agride as células das camadas mais superficiais, chamadas queratinócitos, além das células da derme, chamadas fibroblastos. A interação entre os queratinócitos, fibroblastos e melanócitos é muito afinada e complexa. Essas células reagem ao sol e estimulam vários elementos, como hormônios da pigmentação e também várias citocinas inflamatórias. Por este motivo, podemos utilizar novos medicamentos, como ácido tranexâmico, que evita o impacto desse estímulo ao queratinócito e, sendo assim, impede a comunicação com o melanócito e, portanto, impede a pigmentação.

A luz visível, aquela das lâmpadas e computadores, também provoca escurecimento da pele, principalmente nas peles mais morenas, que são mais predispostas a ter melasma. Esse também é um aspecto importante na escolha do tratamento, pois não temos filtro solar especifico para a luz visível. O filtro para proteger da luz visível precisa ter cor, pois o pigmento bloqueia essa radiação.

Respondendo por que mulheres tem mais melasma comparado com homens, isso deve a fatores hormonais, pois hoje se sabe que a pele manchada tem mais receptores para o estradiol (estrogênio) do que aquela sem mancha. Quando grávida, além desse fator, também há aumento da produção do hormônio melanócito estimulante, que provoca a hiperpigmentação. A progesterona parece que tem menor potencial que o estradiol. A resposta em relação do melasma na menopausa esta relacionada a diminuição do estradiol após a última menstruação.

Em relação a pílula anticoncepcional, ainda há muita controvérsia sobre o real efeito na piora do melasma. Esse aspecto deve ser analisado com cuidado, pois em geral a suspensão da pílula não provoca melhora no melasma.

O estresse também vem se configurando como um fator provocativo, pois implica no aumento de cortisol, que por sua vez é estímulo da cascata da melanogênese, piorando a mancha.

A inflamação, de qualquer tipo, pode piorar a mancha do melasma, principalmente devido a produção de várias citocinas inflamatórias que transitam e incentivam uma comunicação celular.

Cosméticos irritantes e desequilíbrio da barreira cutânea, queimadura, remédios, depilação e todos tratamentos que provoquem calor, podem piorar o melasma.

Hoje também já é conhecido o aumento da vascularização na pele com melasma, além da expressão acentuada do VEGF no local. As pacientes reclamam do avermelhamento da pele e apresentam telangectasias no local. Dessa forma, é importante diminuir esta tendência a angiogênese, o que ocorrerá com o uso do ácido tranexâmico e também Dye laser.

Concluindo, observa-se que o melasma vai muito além do aumento de produção de melanina, pois significa um resultado de diversas interações moleculares provocados por inúmeros fatores, entre eles sol, hormônios, aumento da vascularização, entre outros. Somente o conhecimento detalhado e profundo de todas essas interações propiciará a possibilidade de controle dessa doença, tão reveladora como perturbadora.

 

 

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