ACNE

Publicado por denisesteiner em

A acne vulgar é condição inflamatória crônica do folículo pilo-sebáceo, particularmente comum em adolescentes e adultos jovens. Entre os adolescentes a frequência, a severidade da acne, bem como a tendência a cicatrizes são maiores entre os homens. Já a acne do adulto é mais frequente entre mulheres. Apesar de, virtualmente, não haver mortalidade associada a esta doença existe uma significante morbidade física e psicológica.

A grande novidade em relação à acne, é que hoje há trabalhos mostrando que a inflamação é a sua causa principal. A pele da pessoa com acne reage muito facilmente à irritação, ou danos da barreira cutânea, desencadeando o restante da cascata inflamatória, passando pelo excesso da produção sebácea e hiperqueratinização e ação excessiva das bactérias.

O diagnóstico é baseado principalmente no quadro clinico. Este se caracteriza pelo polimorfismo. Com cravos, pápulas, pústulas, nódulos e abcessos localizados na face, ombros e porção superior do tórax, acompanhados de seborreia. De acordo com o número e tipo de lesões, definem-se as formas da acne. A rosácea é o principal diagnóstico diferencial, podendo apresentar pápulas foliculares, porém a idade, o predomínio no sexo feminino, o eritema e a localização médio facial e na fronte permitem, em geral, diferenciar o diagnóstico.

A acne é classificada como não inflamatória quando apresenta somente comedões, sem sinais inflamatórios, que, conforme o número, intensidade e características das lesões, é classificada em graus I a IV.

O tratamento da acne está baseado no tratamento dos fatores etiopatogênicos, como colonização pelo P. acne, hipersecreção sebácea, inflamação e oclusão do orifício folicular. Os objetivos do tratamento incluem a melhora do quadro infeccioso, da aparência física, a minimização de cicatrizes e a prevenção e tratamento de efeitos psicológicos diversos. Nas acnes graus I e II usamos vários tipos de tratamento tópicos e isolados ou em combinação. Veja as características dos principais deles:

Tretinoína/Ácido Retinoico/Alfahidroxiácidos - ação queratolítica, ou seja, contra a hiperqueratinização; ação leve e indireta sobre a proliferação bacteriana.

Peróxido de Benzoíla – ação anti-inflamatória e antimicrobiana.

Adapaleno – são indicados em casos de acne na mulher adulta. Causam menos irritação e fotossensibilidade que a tretinoína, com resultados terapêuticos significativos.

Ácido Azelaico – possui ação antibacteriana potente e antioxidante. Possui efeito queratolítico, que promove a desobstrução de “tampão” de queratina e sebo. Tem também, ação clareadora da pele.

Ácido mandélico – age na remoção das células mortas, evitando a obstrução de poros.

Ácido glicólico – muito usado no tratamento da acne, queratose, manchas e rugas finas.

Os antibióticos sistêmicos agem na supressão do crescimento P.acnes e da inflamação. Os mais usados são tetraciclina, minociclina e doxicilina, eritromicina e azitromicina. O tratamento deve abranger 4 semanas até o máximo de seis meses em média. Deve-se atentar para os principais e mais comuns efeitos colaterais de cada grupo, já que devem ser administrados por longos períodos. Pode haver combinação do uso dos antibióticos sistêmicos e peróxido de benzoíla para uso local. Pela ação secativa do peróxido, pode haver potencialização dos efeitos.

O uso da isotretinoína sistêmica no caso da acne na puberdade, é clássico. Esta medicação é a mais efetiva e mais conhecida para o tratamento da acne, no entanto, existem contraindicações e, nesse caso, podemos usar a terapia fotodinâmica. Trata-se do uso de um creme que é espalhado na região da acne, por exemplo, o ácido aminolevulínico que tem atração pelas glândulas sebáceas, região do infundíbulo, onde ficam a inflamação e as bactérias. Essa substância deixa o local sensibilizado e após cerca de 2 horas é aplicada uma luz que vai diretamente para o local afetado, promovendo a destruição de algumas glândulas. São feitas em geral de 4 a 5 sessões com intervalo de um mês. No caso de mulheres adultas, o tratamento, geralmente é com pílulas anticoncepcionais com progestágenos anti androgênicos, ou seja, uma parte da composição da pílula neutraliza os hormônios masculinos. Também pode ser usada a metformina, nas mulheres que tem ovário policístico associado.

A questão da dieta hoje é muito estudada. Os alimentos de alto índice glicêmico e também o leite e derivados do leite devem ser controlados e evitados, pois pioram a acne. Isso acontece, pois eles estimulam a produção e ação de um hormônio de crescimento, insulina like, que é um dos principais hormônios estimuladores da acne, o IGF-1. Evitar carboidrato, leite, queijo, iogurte e também principalmente os suplementos de academia com proteínas do leite. O mito é sobre o chocolate piorar a acne, o que não é verdade, pois o cacau propriamente dito não chega a interferir no processo de inflamação, mas sim o leite e o açúcar que podem ser abundantes nesse tipo de alimento.

O tratamento da acne exige paciência e um bom relacionamento médico e paciente. Pois, é comum a doença prejudicar a autoestima e, em situações mais graves, pode ser disforme, causando transtornos psicológicos, emocionais e, em muitos casos, depressão.

Lavar o rosto 2x ao dia enxaguando bem. O produto de limpeza não deve irritar a pele. Usar hidratante próprio para peles acneicas. Usar filtro solar com toque seco, não comedogênico. Evitar alimento de alto índice glicêmico (açúcar). Evitar manipular as lesões. Seguir rigorosamente o tratamento médico e evitar o uso de produtos desconhecidos.

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